De cada dez crianças, sete sofrerão, ao menos uma vez, com essa infecção no ouvido. Conheça os cuidados necessários.
Quando a criança é acometida por um processo infeccioso na orelha a dor não demora a aparecer – e, junto com ela, vem a irritação e a choradeira. Esse quadro, chamado de otite, nem sempre é identificado rapidamente e, se não cuidado de forma correta, pode se tornar recorrente.
Otite é uma infecção que pode atingir a parte externa ou média da orelha. A otite externa aparece normalmente depois dos quatro anos de idade, quando a criança fica muito tempo em contato com a água. Já a otite média aguda é a mais comum, principalmente nos primeiros três anos de vida. “Na maioria das vezes, a otite em crianças com menos de três anos é consequência de uma infecção respiratória. Isso acontece porque os vírus causadores de gripes e resfriados prejudicam o sistema imunológico, abrindo caminho para outros microrganismos, como as bactérias. Quando elas entram em cena, proliferam-se no ouvido médio e causam essa dolorosa infecção”, explica o Dr. Alexandre Cercal, otorrinolaringologista, de Curitiba.
E a situação piora na chegada do inverno, já que quando a temperatura baixa, as gripes e os resfriados se tornam mais comuns. “Como as otites normalmente são consequência de infecções respiratórias, é nessa época mais fria que são percebidos os maiores números de crianças com otites”, comenta Cercal.
O especialista diz que quando os sintomas da doença se manifestarem, - sendo eles as dores fortes de ouvido, ou até uma mudança de comportamento da criança, como dificuldade para dormir, ouvir, febre, irritação ou dificuldade na hora de se alimentar - especialmente após uma infecção respiratória, os pais devem imediatamente procurar um médico responsável para dar início ao tratamento apropriado. “A orelha média fica próxima às estruturas do sistema nervoso central, logo, complicações na otite podem levar a uma meningite ou até mesmo a um abscesso cerebral”, informa Cercal. Além disso, o especialista lembra que a multiplicação de bactérias pode causar a perfuração do tímpano e, como consequência, a perda permanente da audição.
No entanto, o médico faz questão de ressaltar que a otite não é causada pela cera de ouvido ou por sujeira. “Então, não se deve, em hipótese alguma, cutucar o ouvido com as hastes flexíveis de algodão, já que esse comportamento pode piorar ainda mais situação. O cotonete pode lesionar as paredes da tuba auditiva, o tímpano ou até direcionar a cera para o interior do ouvido, o que prejudica a limpeza natural do aparelho auditivo” ressalta Cercal.
O especialista diz que, quando os pais desconfiarem que a criança está com otite, existem algumas técnicas caseiras que podem ajudar a diminuir a dor momentaneamente. “Fazer compressas mornas na orelha com bolsa térmica ou uma fralda aquecida podem amenizar a dor da criança até a visita ao médico. Porém, outras medidas caseiras, como pingar azeite morno ou medicamentos caseiros no ouvido são prejudiciais. Quando se coloca uma substância no canal auditivo, corre-se o risco de piorar a infecção ou dificultar a visualização do local pelo médico”, conclui Cercal.
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